quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Múmias - Biquini Cavadão

Análise musical



“Múmias – Biquíni Cavadão”
Bem aventurados sejam  aqueles que amam essa desordem
Nós viemos a reboque, este mundo é um grande choque
Mas não somos desse mundo
De cidades em torrente
De pessoas em corrente
Errar não é humano
Depende de quem erra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Vivemos preparados pra almoçar soldados
Chegamos atrasados, sumiram com a cidade antes de nós.
Mesmo assim, basta esquecê-la em outro dia
Transformando em lataria, tudo que estiver ao nosso alcance
Errar não é humano
Depende de quem erra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Chega de farra, Chega de marra, Chega de guerra
Quem nunca falha, fala, erra
Suave te joga a primeira pedra
Aqui na terra, o bicho te pega, fica violento
Meu raciocínio transformado em racionamento
Só que talento é minha forma de reprodução
Corta câmera, corta luz que eu continuo em ação
Aproveitando nossa liberdade de expressão
Renato Russo, eu, Suave, e o Biquíni Cavadão
Bem aventurados sejam os senhores do progresso
Esses senhores do regresso.
Errar não é humano
Depende de quem erra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra

Vivendo só de guerra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Viemos espalhar discórdia
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Conquistar muitas vitórias,
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Conquistar muitas derrotas
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra

A música múmias de Biquíni Cavadão “tem duas versões, a primeira foi gravada em 1986, com o nome “cidades em torrentes”, a segunda, ou seja, a regravação foi em 2001 sendo modificada, e estourou nas rádios após o ataque das torres gêmeas”, a música tem caráter racional  e retrata a guerra, a letra que iremos analisar será a regravação de 2001.
A primeira análise abarca a questão coesiva presente no texto, ao qual mostra elementos de reiteração, repetição e anáfora do tipo associativa.
   >>“aqueles” que opera como 1° pessoa, no primeiro parágrafo reiteram as pessoas que o autor diz como “bem aventurados”, e “nós” reitera “viemos”, “somos” reitera “mundo”;
                >> No segundo parágrafo “quem erra” reitera “errar, e “vivendo” é um tipo de anáfora associativa á ”vida”;
  >> Terceiro parágrafo “nós” reitera “chegamos” e “viemos”, “esquecê-la” e “lataria” refere-se á cidade
è         “erra“ refere-se á guerra, á farra, á marra, no quarto parágrafo que em primeira pessoa, “só” refere-se ao    autor, “nossa” refere-se as pessoas “Renato Russo, eu, Suave e o Biquíni Cavadão”;
  >> “esses” reiteram “os senhores”, os “bem aventurados”, no quinto parágrafo. O “talento” é anafórico á   “reprodução” e “corta luz, corta câmera” que diz respeito a uma forma de produzir através da filmagem;
             > > “esperamos”, “chegamos”, é referente ás “pessoas que vivem preparados pra almoçar soldados” , no sexto parágrafo;
  >>  a repetição propriamente dita é presente no quinto parágrafo em “chega” e “corta”; 
             >>  “derrotas”, “vitórias” é anáfora associativa á “guerra” no oitavo parágrafo.

Já que os elementos coesivos não satisfazem a compreensão da música, analisaremos a coerência textual.
Um dos elementos da coerência é a intertextualidade, que logo no início do texto é possível perceber, ou seja, quando o autor fala no primeiro parágrafo “Bem aventurados sejam aqueles que amam essa desordem” e no sexto parágrafo “Bem aventurados sejam os senhores do progresso”, é claro a lembrança do texto bíblico "E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados
sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa." em Mt 5:  1- 11. Que mostra as pessoas agem friamente diante das guerras, e as mesmas não são "Bem- aventurados" como demonstra no sermão, seria então uma ironia.
E também o que nos faz lembrar o texto bíblico é no início do quinto parágrafo “quem nunca falha, fala, erra, suave te joga a primeira pedra”, sendo um evangelho de João, Jo 8, 1-11. E há  intertextualidade na expressão idiomática “errar é humano” modificado para “errar não é humano” usado na música como refrão.
Outro elemento é a situacionalidade, a música fala sobre a guerra, que é uma das coisas ocorrentes entre países, nações, emfim na nossa sociedade, e como já havíamos falado no primeiro parágrafo sobre a regravação da música após a o ataque das torres gêmeas, uma situação política e econômica entre países ocasionando a guerra.
Outro elemento analisado na música foi a intencionalidade, que tem como instinto proposital de mostrar como o mundo está, ou seja, passando por revoluções, intencionando a paz no mundo. Outra analise é a aceitabilidade, pois quem intenciona (produtor) tem que ser aceito (receptor). Na música há uma forte ironia ao governo, quando o autor expõe em seu texto “bem aventurados sejam os senhores do progresso, esses senhores do regresso” e “bem aventurado sejam aqueles que amam essa desordem”, ou seja, critica o governo brasileiro, pois seria também uma maneira de intertextualizar a bandeira brasileira, pois se pegarmos “desordem” que é sinônimo de ordem e “progresso” que está contido na bandeira, formando ”ordem e progresso”, essa ironia teria uma inaceitabilidade para os governantes, mas seria bem aceito para o povo que tem essa mesma visão sobre os políticos, o de desordem no país.
Por último a informatividade do texto parece imprevisível quando vemos de primeira vista o título da música “múmias”, pois nos lembra as múmias, pessoas que já morreram, mas ao ler a música ou escutar percebemos que essa forma de nomear a música foi usada para criticar as pessoas que promovem as guerras, porque tudo ocorre no ataque, e o terrorista fica como se fosse uma múmia como se tudo que estivesse se passando fosse normal, ou também aos governantes que, por exemplo, devem aos países desenvolvidos não podendo fazer nada para não ocasionar a guerra, apesar de não direcionar explicitamente que essas pessoas os são, em suma o texto musical está informando de forma previsível pois as pessoas possuem um conhecimento prévio sobre o que seja uma guerra.


Referências
http://blogmusicvideos.blogspot.com/2009/08/mumias-1986-e-2001.html
http://www.comshalom.org/webforum/index.php?topic=914.0

 









FICHAMENTO DE RESUMO:

REPENSANDO A TEXTUALIDADE

                                      Maria da Graça Costa Val (FALE/UFMG)


Língua Portuguesa em debate: conhecimento e ensino/José Carlos de Azeredo (organizador). 4. Ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. 


O texto “Repensando a textualidade” de Maria da Graça Costa Val, trata de um estudo sobre os principais aspectos da textualidade. Desde o princípio da Linguística textual, a textualidade se define como um grupo de características que fazem um texto ser um texto, e não somente uma seqüência de frases. A LT se dedicou a estudar desde que se desenvolveram os princípios constitutivos do texto, a produção e a recepção. Com o conhecimento mais amplo, passou dos limites da frase, buscando os processos, ou seja, suas condições de produções, enunciação e interlocução.
Para Val antes não era dado reflexões lingüísticas a textualidade, sendo  necessário repensar a conceitualidade textual de acordo com a análise do discurso, as teorias de enunciação, a Pragmática, a análise de conversação e os estudos sobre língua falada, “tais características advindas de recursos textuais, pois nosso próprio ato de falar produz textos”. Anteriormente as tendências concebidas e privilegiadas na Lingüística Textual, em 1977 por Maria-Elizabeth Conte, foram três: a 1ª análise transfrástica que se liga a coesão, pois trata de como é empregado a gramática. Nesse momento o estudo mais importante foi o de Isenberg (1968), que apontou questões sintáticas e relações semânticas. Os procedimentos de textualização têm doze características que alinha o possível funcionamento entre enunciados e faz com que o falante execute e reconheça estruturas textuais subjacentes. Na segunda o texto é visto como unidade de sentido, que no contexto da coerência textual e da macroestrutura semântica ele deixa de ser pensado na visão de significados e passa a ser visto como algo global. A terceira e última tendência é a tipológica, segundo Costa Val citando Conte (1977), é a vez de a pragmática dominar na realização de textos, esse novo domínio tinha por objetivo explicar a competência comunicativa, ou seja, à capacidade que o falante tem em agir diante da comunicação social. Em uma breve análise de algumas obras, a autora cita vários lingüistas, Halliday & Hasan que dizem que “um texto sem coesão seria um não-texto”. Os segundos a serem citados são Harweg (1968) e Marcuschi, Harweg situado por Conte (1977) segundo a autora, consideraram que os pronomes eram parte insubstituível no texto, com essa dominância inicial na LT o texto foi definido como “cadeia pronominal ininterrupta”, então a coerência foi tomada como principal ponto da textualidade e a coesão insuficiente. Estudiosos como Kock e Travalia, afirmam que “há muitos textos sem coesão que apresentam coerência”. Outros autores como Beugrande & Dressler (1981), consideram como ponto importante a atividade comunicativa textual (processo), os mesmos criaram os sete princípios constitutivos da textualidade, que funcionam como comportamento na comunicação textual; e três princípios que controlam comunicação textual que são eficiência, eficácia e adequação. Costa Val define os sete elementos de acordo com os criadores.
Beugrande & Dressler diz que coesão refere-se aos modos como os componentes de um texto se conectam. A coerência “não é um meio traço dos textos, mas sim o resultado de processos cognitivos entre os usuários do texto”. A intencionalidade é a intenção do usuário e a aceitabilidade é a expectativa. Já a informatividade é uma avaliação do grau de conhecimento do usuárioou á previsibilidade do texto. A situacionalidade é como os usuários vêem a ocorrência do sentido textual, a partir de seu conhecimento. Por último, a intertextualidade diz respeito a um texto que foi construído a partir de outro.
Charolles (1978) é outro autor também citado por Costa Val. Ela da ênfase as quatro meta-regras criadas pelo mesmo, que diz que é inconveniente a separação do semântico e do pragmático, e o iminente do situacional, assim não vale a pena distinguir a coesão da coerência. A primeira é “meta-regra da repetição”, que diz que a linearidade de um texto se da por retomadas que reitera o que foi dito. A segunda diz respeito à “progressão” que é o inverso da repetição e da continuidade, pois o desenvolvimento do texto depende de novas informações. A terceira é a “não-contradição”, ou a lógica do texto. A ultima meta-regra é a de “relação”, pois a coerência de texto também depende da relação direta entre os fatos citados no mesmo.
A autora conclui o seu texto dizendo que a posição seguida por ela pode vim a deixar os professores um pouco perplexos e levantar questões como a seguinte: ‘se tudo é texto, se não há diferença entre texto e não-texto, se não se pode dizer que um texto não tem coerência ou não tem coesão, então tudo o que os alunos escreverem ou disserem estará bom, não resta nada a fazer em sala de aula!’. Diz ela acreditar que ao contrário, este modo de compreender a textualidade abre perspectivas promissoras para o ensino, e mostra em seguida algumas das possibilidades de aplicação que ela ver para esse quadro teórico em aulas de Língua Portuguesa. 

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

    "O Curso de Letras objetiva formar profissionais interculturalmente competentes, capazes de refletir criticamente sobre temas e questões relativas aos estudos lingüísticos e literários, a fazer uso de novas tecnologias e a compreender sua formação profissional como processo contínuo, autônomo e permanente."

    Nós estudantes de letras somos completamente satisfeitos com o estudo tanto literários, quanto linguístico. É de suma importância fazer parte de um estudo tão cheio de amplitudes.



Referência
http://www.letras.uema.br/